1.2.09

[TOP 10] Estratégias Para Melhorar A Xbox 360 Em Portugal (2ª parte)




O top 10 que tem sido apresentado reflecte as tendências que a Microsoft deveria seguir, em meu ver, a nível mundial, para uma melhor competitividade da marca Xbox. Contudo, as cinco necessidades mais fundamentais que apresento em seguida, são verdadeiramente essenciais para a Xbox passar de um claro terceiro lugar para posições mais cimeiras no mercado português.


5. – Redução oficial no preço do Xbox Live

Live. Sem grandes dúvidas, trata-se do sistema online melhor estruturado entre as três consolas da geração actual. Um sistema justo de “match-making” que emparelha adversários com o mesmo skill baseado nas estatísticas de jogo, integração “invisível” com o resto da interface da consola e dos jogos e muita qualidade em média nas ligações fazem deste o serviço por excelência para quem tem no online um ponto fundamental nos videojogos.

Os mais acérrimos defensores dirão que a qualidade paga-se, mas a verdade é que o preço do Live começa a parecer cada vez mais desajustado. As melhorias significativas no serviço concorrente da Playstation (que é gratuito) fazem os 60€ do Live parecerem cada vez mais exagerados. É certo que para quem dedica mais tempo aos jogos, 60€ por ano nem é uma subscrição muito cara, quando comparada com subscrições de jogos online, por exemplo. Mas para um jogador casual, ou potencial comprador proveniente de uma facção distinta do clássico grupo de jogadores, 60€ por ano (ou 20€ por três meses) é sempre muito dinheiro quando comparado com... nada (PSN).

Tornar o Live gratuito parece demasiado utópico, mas o tempo dirá se isso não será inevitável. 30€ por ano (oficialmente, uma vez que já é possível pagar este preço na internet)... já seria um grande, grande passo.


4. – Introdução do serviço de vídeos em HD em Portugal

A Playstation 3 é neste momento a consola mais cara no mercado. Contudo, é um sistema de entretenimento com um preço justo se o potencial comprador quiser um leitor de filmes em alta definição, para além de uma consola. A Microsoft defende actualmente a distribuição digital como sendo o "formato" de futuro para os vídeos de alta definição (em oposição aos formatos físicos como o Blu-Ray). Em consonância com essa posição, os mercados onde o Live está completo (US, UK, etc) apresentam vídeos em HD (e SD) para aluguer e compra, de filmes e séries, tudo a partir do sofá.

É uma posição de mercado interessante e competitiva, mas de nada nos vale se não a vermos implementada no nosso país. Aqui no burgo, filmes em alta definição nas consolas é equivalente a dizer Playstation 3. E cabe exclusivamente à Microsoft, poder anular essa poderosa vantagem da concorrência. Um novo modelo da Xbox 360 com Blu-Ray, conforme já foi sugerido por muitos rumores de sites e analistas da matéria seria, em meu ver, uma estratégia demasiado perigosa. Aos olhos do consumidor, a Microsoft assumiria que a Sony tinha acertado a sua estratégia desde o primeiro dia, o que só reforçaria a posição da Playstation. No lugar dos manda-chuvas da Microsoft, eu investiria na globalização do Live (o verdadeiro e completo serviço Live).


3. - Investimento em publicidade em Portugal

Este é um dos pontos mais óbvios a ser posto em cima da mesa. Pura e simplesmente, Portugal tem sido alvo de um investimento notável por parte da representante local da Sony, o que elevou (e de que maneira!) os padrões que vinham sendo hábito de outros anos, com outras consolas. A concorrência ainda não se adaptou convenientemente. Só agora começamos a ver mais Nintendo, sendo que Portugal deve ser dos únicos países do mundo onde se vende mais Playstations do que Wiis. Falar na Xbox 360 num panorama destes é sinónimo de falar de uma plataforma marginal e claramente secundária, num mercado dominado fortemente pela Sony.

Para inverter estas tendências não basta à Microsoft imitar a Sony (ainda que isso ajudasse bastante...). Tem de fazer mais. Têm de fazer com que se chegue a uma loja e veja-se mais publicidade local para a sua consola. Têm de tornar a Xbox mais visível na publicidade e nos programas de televisão, bem como nas revistas e jornais. É um investimento massivo, certamente. Mas estamos a falar de uma das empresas com mais capital em todo o mundo. Convenhamos que o que tem sido feito não está à altura da sua capacidade...


2. - Introdução de um modelo "Slim"

De todas as medidas que eu proponho neste artigo, esta é provavelmente a mais necessária a um nível global (em contraponto com as medidas mais urgentes ao nosso próprio mercado). A Xbox 360 celebrará este ano o seu quarto aniversário, tendo já usado a maior parte dos seus trunfos óbvios, no que toca a jogos. Podendo sempre existir surpresas num futuro próximo, creio que a par da revitalização do interface da consola que aconteceu em finais de 2008, assentaria bem um restyling do próprio hardware, de forma a revigorar o interesse do público e imprensa pela consola. Esta estratégia é frequentemente utilizada pela Apple na sua linha de produtos, sendo fulcral para o manter o hype do público sempre em altos níveis.

A medida que proponho vai, todavia, mais longe. Um novo modelo seria uma excelente oportunidade para fazer a versão definitiva da consola, corrigindo alguns dos erros que foram sendo apontados ao longo dos últimos três anos. Mais do que uma consola mais pequena e atraente a massas, a nova 360 precisará de wireless de raíz (norma N se possível) - uma das falhas mais graves que os modelos actuais possuem. Os defeitos de arquitectura que despoletaram as tenebrosas falhas de hardware, nomeadamente nos primeiros modelos, poderiam, deste modo, ser totalmente corrigidos. O comando podia aproveitar o "barco" e ter uns pequenos ajustes, nomeadamente no D-Pad - horrível e completamente fora dos padrões de qualidade estabelecidos nos restantes botões.

E por fim, a questão do disco rígido. Os custos de produção de uma consola só têm um sentido: o de descer. Por alguma razão é hoje possível à Microsoft comercializar Arcades abaixo dos 200€. A Microsoft sabe que não pode descer muito mais o preço da sua consola e que estrategicamente essa é uma carta que não pode ser usada demasiadas vezes, para não prejudicar a imagem do produto. Para além disso, a estratégia de ter diversos modelos traz tantas vantagens quanto desvantagens: os potenciais compradores confundem-se com especificações, o que diminui a probabilidade de existir uma compra impulsiva (que acontece bastante com a Wii, por exemplo). Em minha opinião, este novo modelo deveria substituir todos os modelos actuais, com um disco de pelo menos 120GB (o tamanho do maior disco nos modelos actuais) e um preço a rondar o 250€ (preço do modelo normal actual, de 60GB).

Uma única e nova Xbox 360, com as mesmas especificações e potencial para todos os seus compradores, pronta a fazer face às novas exigências que os próximos anos adivinham, nomeadamente no que toca ao mercado da distribuição digital. Isto, confiando que a Microsoft pretende, de facto, expandir o "Live completo" ao maior número de países.


1. - Maior localização dos jogos

Surpreendidos? Pensando a fundo, é a medida mais necessária ao nosso mercado.

Numa loja X temos um cliente Y que pretende oferecer uma consola ao filho no Natal. O cliente Y percebe pouco de consolas, mas o nome "Playstation" é-lhe familiar. Pergunta ao vendedor da loja X por uma consola que tenha jogos para uma faixa etária mais juvenil, de preferência em português. Neste preciso momento, a Playstation 3 já tem uma vantagem óbvia na visão do comprador (e na potencial conversa que o vendedor vá fazer). Cada vez mais jogos estão localizados em português e não se tratam apenas dos menus - já temos muitos casos de dobragens - o que é perfeito para jogadores que não dominem o inglês e tem um appeal enorme para os portugueses em geral.

Os jogos casuais vendem muitas consolas em Portugal (e na Europa). A Microsoft percebeu isso e tem investido em alguns jogos desse sector. Assim, existe agora o Lips (jogo de karaoke) na Xbox. O Lips tem 40 músicas de origem e mais outras tantas na store neste momento, nenhuma em português. O Singstar (PS3) tem centenas de músicas na store, quase 30 em português... Existe também o Scene It, um jogo de trivia sobre cinema, na Xbox 360, em inglês. A PS3 tem o Buzz!, um trivia sobre todo o tipo de temas, localizado com a voz do Jorge Gabriel.
Mais exemplos, seguir-se-iam, como a voz de Nuno Markl em LittleBigPlanet, a narração em português no FIFA 09 (presente na PS3 e omissa na Xbox 360) e as dobragens em jogos como Uncharted ou Heavenly Sword, devidamente feitas por vozes conhecidas do nosso panorama de entretenimento. Como é que é possível competir com este tipo de (bom) trabalho, com jogos não localizados muitas das vezes nem sequer nos manuais?...



Termino fazendo uma reflexão. A PS3 custa, actualmente 400€, trazendo 1 jogo (de uma lista de jogos exclusivos bem escolhidos para apelar à compra da consola). A Xbox 360 de 60Gb custa 280€ com 1 jogo também. A bateria e carregador do comando, incluidos de origem na PS3, custam 20€ na Xbox 360 (300€). O adaptador de wireless (tecnologia incluída de origem na PS3) custa cerca de 80€ para a Xbox 360 (380€). O Live Gold que permite jogar online (gratuito na PS3) custa cerca de 60€...

Um jogador hardcore, que faça uma utilização bastante avançada da sua consola (jogar online, ligar a consola à sua rede wireless de casa, etc) tem na Xbox 360 uma consola tão cara quanto a PS3. E nem estou a colocar nas contas o potencial interesse por filmes em alta definição. Logo, o preço não é uma vantagem, para um jogador hardcore.
Para jogadores casuais, a PS3 tem software muito mais apelativo, como Singstar, Buzz ou LittleBigPlanet, produtos divertidos, facéis de jogar, mas com profundidade e longevidade suficientes para serem encarados como projectos sérios. Todos devidamente localizados em português.
Para não-jogadores, as consolas que mais parecem ter o charme e o appeal necessários a uma primeira compra são a Wii e a Nintendo DS, com as suas interfaces mais intuitivas e software mais ligeiro.

A Xbox 360 não é, em Portugal, a consola óbvia de nenhuma destas demografias. E para ser competitiva no nosso mercado, não basta ter sucesso nos Estados Unidos ou Reino-Unido: tem de ser apelativa aqui e agora.


2 comentários:

  1. Excelente artigo.

    Aproveitei e apresentei o teu blog no nosso.
    Saudações!

    e realmente estou 100% em sintonia contigo, quando escreves:

    "A Xbox 360 não é, em Portugal, a consola óbvia de nenhuma destas demografias. E para ser competitiva no nosso mercado, não basta ter sucesso nos Estados Unidos ou Reino-Unido: tem de ser apelativa aqui e agora."

    Precisamos de dinamismo e resultados em PORTUGAL.


    "Um jogador hardcore, que faça uma utilização bastante avançada da sua consola (jogar online, ligar a consola à sua rede wireless de casa, etc) tem na Xbox 360 uma consola tão cara quanto a PS3. "

    Pessoalmente, antes do Killzone2, diria sem pestanejar que a XBOX era a consola certa para um hardcore gamer, agora, é esperar por dia 27.

    Acima de tudo, que haja concorrência, quem ganha somos nós, os gamers.

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  2. Hey,

    Gostei bastante das sugestões, mas acredita que o problema da Xbox 360 em Portugal é ainda mais complexo que o exposto em assunto. Nem os retalhistas da especialidade, ou mais abrangentes como a Sonae, têm disponibilidade para investir seriamente na marca Xbox. Existe uma hegemonia cancerígena da Sony em Portugal, que não vai desaparecer com tanta facilidade assim.
    Mas, admito, a Microsoft tem culpas no cartório...

    Vou ficar atento às tuas palavras por aqui!

    Abraço,

    Daniel C.
    http://nowloading.pt.to/

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