2008 foi mais um excelente ano para a consola da Microsoft em termos de conteúdo, mas o sucesso em terras lusitanas tarda em acompanhar os bons resultados que se vão verificando a níveis globais.
Este artigo visa, sobretudo, o nosso mercado, procurando apontar as principais estratégias (globais e locais) que possam melhorar a perspectiva que os portugueses têm da Xbox 360. Sem mais, aqui ficam as 10 medidas mais importantes para melhorar a consola da Microsoft:
10. – Re-branding dos cartões de memória
Cartões de memória: obsoletos em espaço de armazenamento e utilidade em geral, caem cada vez mais no esquecimento como uma feature last-gen, suplantada em larga escala pela capacidade dos discos rígidos actuais nas consolas. Contudo, existe uma funcionalidade na 360, utilizada regularmente por quem vai a casa de amigos que possuam esta consola, que o conceito de [consola + disco rígido - cartão de memoria] não colmata: o transporte da Gamertag. A forma mais “limpa” e isenta de problemas para transportar a informação de um jogador de consola para consola é o cartão de memória. Para além de ser prático, encontra-se muito bem implementada. Por exemplo: tendo uma 360 em minha casa, opto sempre por ter o meu perfil no cartão (em vez de tê-lo no disco), de maneira que quando vou a casa de um amigo, simplesmente levo o cartão comigo. Quando lá chego, meto o cartão na sua consola, ligamo-la e o meu perfil está automaticamente seleccionável, com as suas respectivas subscrições, pontos de achievements, tudo.
Os cartões de memória já não são tão atractivos para fins de armazenamento de saves, mas constituem uma excelente forma de guardar um perfil, plena de vantagens sociais. O relançamento dos mesmos, sob uma nova designação fortemente conotada com estas funcionalidades seria uma mais-valia para a Xbox. A alternativa passa pela feature seguinte...
9. – Libertação das drives não proprietárias (discos e pens USB) para armazenamento de profiles, demos e jogos.
Esta é uma feature de sonho para muitos utilizadores da 360. A sua implementação, contudo, não é fácil, uma vez que as diversas drives que pudessem ser conectadas à consola para este fins, teriam performances díspares em termos de tempos de acesso e escrita. Se a Microsoft tiver padrões de qualidade no que toca ao software que utiliza as suas drives proprietárias, esta medida poderia abrir brechas de performance no software totalmente indesejadas.
Contudo, seria um passo gigantesco para muitos utilizadores. A PS3 permite oficialmente que um possuidor substitua o seu disco interno por qualquer um disco interno de 2.5’’, sem perder a garantia. Esta mais-valia da consola da Sony torna os preços dos discos proprietários da Microsoft (ainda) mais proibitivos para o consumidor comum.
Os jogos do Xbox Live Arcade constituem, quanto a mim, uma visão do que pode vir a ser o futuro dos videojogos, no que diz respeito à forma de distribuição (digital). No entanto, este modelo terá muito mais sucesso se houver um sistema que permita transportar quaisquer jogos destes que eu tiver comprado, de consola para consola. A título de exemplo, se eu comprar o FIFA 09, posso levá-lo para a casa de um amigo, posso emprestá-lo ou trocá-lo, posso até vendê-lo. Se eu comprar o Portal: Still Alive (jogo do XBLA com cerca de 700MB) não posso fazer nada dessas coisas...
8. – Introdução de achievements nos Xbox Originals
Os achievements são um selling-point da Xbox. Extremamente aditivos, conseguem fazer um jogador jogar jogos medíocres para obter mais pontos, ou comprar um jogo multiplataforma na 360, pelos achievements. O efeito consegue ser nocivo ao ponto de muitos jogadores não sentirem a mesma motivação para jogar jogos noutras plataformas que não tenham achievements. E os Xbox Originals sofrem desse estigma: 1200 pontos (±15€) por um jogo de geração passada, sem o incentivo de replay que os achievements conferem parece-me, em meu ver, uma oportunidade perdida.
Nunca comprei um único Xbox Original. No entanto existem alguns dos jogos disponíveis que gostaria de experimentar porque não tive a primeira Xbox. Os achievements seriam um incentivo (psicológico) suficiente para mim e... para mais pessoas. É que muitos destes jogos encontram-se à venda em 2ª mão, com caixa, disco e manuais a preços mais baixos...
7. – Massificação do wireless na consola
A falta de wireless na 360 danifica a imagem da mesma bem mais do que a Microsoft calcula, pelo menos no que diz respeito a Portugal (realidade que conheço de perto). Aqui, muitas casas de jovens e estudantes (público-alvo mais comum) possuem routers, fruto da massificação dos portáteis nos últimos anos. Consolas como a Wii e a PS3 já trazem wireless de raiz e a 360 sofreu muito neste capítulo, pelo ano de antecedência com que saiu para o mercado. Mas pior do que isso, tem perdido constantemente a oportunidade de integrar nas sucessivas revisões da consola a norma wireless.
O acessório oficial que torna a 360 wireless é extremamente caro. Com um PVP de 87.99€, um potencial comprador que tenha o wireless como uma prioridade terá sempre de acrescentar esse preço à consola, o que reduz drasticamente a vantagem competitiva em termos de preço, que a consola possui hoje em dia. É necessária uma quebra de preço dramática neste acessório, para que esta funcionalidade não seja apenas mais um grande trunfo das consolas concorrentes.
6. – Fomento da venda de jogos da linha Classics
Já sabemos que o preço dos jogos em Portugal não anda bem. No artigo que escrevi anteriormente a esse respeito, nomeei como excepções a esta tendência os jogos da linha Platinum da marca Playstation, que permitem pelo menos a um consumidor poder comprar jogos a preços mais convidativos ao fim de mais ou menos 1 ano após o seu lançamento. Esta linha de jogos tem um paralelo na Xbox – os Classics, que infelizmente não têm um planeamento tão sistemático quanto os Platinum e ainda por cima chegam pouco a Portugal.
Para uma consola que pretende posicionar-se num patamar de preço competitivo, não basta ter o hardware barato. Os acessórios e jogos precisam de estar pelo menos com o mesmo value da concorrência, sob pena de ser completamente anulada qualquer vantagem competitiva de preço.
(Brevemente, a segunda parte do artigo, com as 5 estratégias mais fulcrais para a melhoria da Xbox 360 em Portugal...)
Os cartões de memória seriam, de facto, uma mais-valia para a consola da Microsoft:
ResponderEliminarPodiam ser pequenos em termos de espaço, mas a um preço reduzido, e creio que seriam bem aceites, não só por causa do «gamerscore» associado a um perfil, mas também para troca de dados de estado de jogo (porque, apesar de tudo, era muito boa a possibilidade de copiar estados e gravações de jogos de cartões para outros), mesmo que não fossem ganhos «achievements» caso seja usada uma gravação de outro jogador...
Mas mais importante ainda seria a transferência de certos dados de jogos que poderão, mais tarde, estar associadas ao perfil de jogador (se não estão já), como opções costumizadas (esta não me lembro se no FIFA 09 havia) ou personagens criadas ou modificadas por nós (como as do Soul Calibur ou Virtua Fighter).
O Online está cada vez mais difundido no mundo das consolas, mas há quem não o troque por uma boa sessão na casa de uma pessoa, cada um com o seu perfil (estando um deles no disco rígido e outro num cartão pequeno, barato e prático que cabe em qualquer bolso).
A primeira parte está aprovada :)
Venha a segunda!